Cobertura Arbórea, Ganhamos ou Perdemos?

Entre 2000 e 2020, o mundo experimentou mudanças significativas na cobertura arbórea, com ganhos e perdas refletindo dinâmicas regionais e atividades humanas específicas. Embora os esforços de regeneração e plantio tenham aumentado a cobertura arbórea em algumas áreas, a tendência geral mostra uma perda líquida preocupante, especialmente em regiões tropicais ricas em biodiversidade.

 

Dados Quantitativos 

Os dados do Global Forest Watch (GFW) e do Global Forest Review (GFR) indicam: 

  • Ganho Total : 130,9 Mha, com contribuições significativas de regiões temperadas e boreais, como Rússia e Canadá. 

 

  • Perda Total : 231,5 Mha, impulsionada principalmente pelo desmatamento em regiões tropicais para agricultura e remoção de madeira. 
  • Mudança Líquida : Uma perda líquida de 100,6 Mha, destacando a disparidade, com perdas quase o dobro dos ganhos. 

Distribuição Regional 

  • Ganhos : Aproximadamente 59% ocorrem em florestas temperadas e boreais, muitas vezes devido à regeneração natural em terras abandonadas. Os 41% restantes foram em florestas tropicais e subtropicais, com países como Brasil, EUA, Indonésia, China, Tailândia e Índia respondendo por metade desse ganho. 
  • Perdas : Embora os dados regionais específicos de perda não estejam detalhados aqui, é extremamente reconhecido que as regiões tropicais, especialmente a Amazônia e as florestas do Sudeste Asiático, sofreram perdas significativas, associadas às atividades humanas como agricultura e mineração. 

 


 

Relatório Detalhado

Este relatório explora em profundidade como o ganho de cobertura arbórea é comparado à perda entre 2000 e 2020, com base em dados do Global Forest Watch (GFW) e da Global Forest Review (GFR) do World Resources Institute. A análise abrange aspectos quantitativos, regionais e qualitativos, oferecendo uma visão completa para entender as dinâmicas globais das florestas.

 

Contexto e Definições

O ganho de cobertura arbórea refere-se à área que não tinha cobertura arbórea significativa em 2000 (menos de 10% de cobertura) e passou a ter pelo menos 10% em 2020, incluindo regeneração natural, restauração assistida e plantações. A perda, por outro lado, é definida como a área que tinha pelo menos 10% de cobertura arbórea em 2000 e menos de 10% em 2020, abrangendo desmatamento e perda devido a causas humanas ou naturais, como incêndios. 

Dados Quantitativos

De 2000 a 2020, os números globais são os seguintes: 

Indicador

Valor (milhões de hectares)

Observações

Ganho Bruto de Cobertura Arbórea

130,9

Inclui regeneração natural, restauração e plantações; área aproximada do Peru.

Perda Bruta de Cobertura Arbórea

231,5

Inclui desmatamento e perda por causas naturais, como incêndios.

Mudança Líquida de Cobertura Arbórea

-100,6

Indica uma perda líquida significativa, com perdas superando ganhos.

Esses números mostram que as perdas foram quase o dobro dos ganhos, com uma relação de aproximadamente 1,77 (231,5 / 130,9). A mudança líquida de -100,6 milhões de hectares reflete uma redução geral na cobertura arbórea global, com implicações para o armazenamento de carbono e a biodiversidade. 

Distribuição Regional

A distribuição regional revela padrões diferentes: 

Ganho de Cobertura Arbórea 

  • Florestas Temperadas e Boreais : Representam 59% do ganho total, ou cerca de 77,2 milhões de hectares. A maior parte desse ganho ocorreu em países como a Rússia (49% do ganho em boreais/temperadas) e Canadá (22%), principalmente devido à regeneração de florestas de produção e ao crescimento de árvores em terras agrícolas abandonadas. 
  • Florestas Tropicais e Subtropicais : Contribuem com 41% do ganho, ou cerca de 53,7 milhões de hectares. Países como Brasil, EUA, Indonésia, China, Tailândia e Índia responderam por metade desse ganho, muitas vezes impulsionados por plantações comerciais, como óleo de palma na Indonésia e eucalipto no Brasil. 

Perda de Cobertura Arbórea

Embora os dados regionais de perda não sejam detalhados aqui, é extremamente reconhecido que as regiões tropicais, especialmente áreas como a Amazônia e as florestas da Ásia Sudeste, sofreram perdas significativas. Essas perdas estão frequentemente associadas ao desmatamento para a agricultura (soja, pecuária, óleo de palma), extração de madeira e mineração, além de incêndios agravados pelas mudanças climáticas. 

Aspectos Qualitativos

A comparação entre ganho e perda vai além dos números, considerando a qualidade ecológica: 

Tipos de Ganho 

  • Regeneração Natural : Áreas onde as florestas se recuperam naturalmente após perturbações, como abandono de terras agrícolas. Estima-se que 111,9 milhões de hectares (86% do ganho total) sejam de regeneração natural ou restauração assistida. 
  • Florestas Plantadas : Inclui monoculturas comerciais, como óleo de palma na Indonésia e eucalipto no Brasil, totalizando cerca de 19 milhões de hectares (14% do ganho). Essas plantações, embora aumentem a cobertura arbórea, muitas vezes têm menor valor ecológico, com impacto reduzido na biodiversidade e no armazenamento de carbono em comparação com as florestas naturais. 

Implicações da Perda 

  • Perda de Florestas Primárias : A perda de florestas primárias, especialmente em regiões tropicais, tem impactos de longo prazo e muitas vezes irreversíveis. Essas florestas são cruciais para a biodiversidade e o armazenamento de carbono, e sua perda contribui para emissões significativas de CO₂. 
  • Emissões de Carbono : A perda de cobertura arbórea contribui para emissões de carbono, agravando as mudanças climáticas. Por exemplo, a perda de florestas tropicais primárias em 2020 foi de 4,2 milhões de hectares, equivalente a uma área do tamanho dos Países Baixos, com impactos nas emissões. 

Discussão e Conclusão

Quantitativamente, a perda de cobertura arbórea (231,5 milhões de hectares) supera significativamente o ganho (130,9 milhões de hectares) entre 2000 e 2020, com uma perda líquida de 100,6 milhões de hectares. Essa disparidade é particularmente evidente em regiões tropicais, onde as perdas são impulsionadas pelas atividades humanas, enquanto os ganhos são mais notáveis ​​em regiões temperadas e boreais, muitas vezes de menor valor ecológico.

Qualitativamente, o ganho inclui uma proporção significativa de florestas plantadas (14%), que não substitui o valor ecológico das florestas naturais perdidas, especialmente as primárias tropicais. Assim, embora haja progresso no aumento da cobertura arbórea em algumas áreas, ele não compensa as perdas ambientais e ecológicas, particularmente em ecossistemas críticos.

Essa análise destaca a necessidade de políticas que priorizem a redução do desmatamento e a restauração de florestas naturais, em vez de depender exclusivamente de plantações comerciais, para mitigar os impactos nas mudanças climáticas e na biodiversidade.